Já alguma vez se questionou qual o destino das várias placas espalhadas pelo concelho onde se identifica a “Rota da Cortiça”? Algumas que até apontam para direções opostas…
Pois bem a resposta, é, para sítio nenhum!
A verdade é que esta rota se encontra inativa, ou sem atividade especifica, explorada por particulares. Revela com isto a forma como a estratégia turística do concelho tem sido deixada ao abandono, com projetos fugazes e sem estruturação.
Um exemplo de falta de estratégia turística que faz doer a alma São-Brasense, é a “nossa” Pousada de São Brás, que em tempos foi um Ex-libris em termos turísticos, não só do concelho, mas também da região, a primeira a ser construída a sul do Tejo, que agora se destina a habitação partilhada de algumas famílias de nacionalidade Dinamarquesa, estando interdita a qualquer visitante que por lá queira passar, deixando de ser “nossa” e passando a ser “deles”, fruto da inércia ou inação do Município à data da extinção do INATEL que, segundo consta, vendeu o edifício e terreno circundante por um valor quase irrisório quando se analisa o seu potencial, localização e a grandeza da sua infraestrutura.
Tal como se perdeu a Pousada, perdeu-se a Associação da Rota da Cortiça, uma Associação abandonada, restando (apenas) as suas placas lembrando os seus percursos, e até online, somos direcionados para itinerários inexistentes, apresentados de forma tão ambígua como “Partida para a Serra do Caldeirão, ao encontro dos sobreirais, das pilhas de cortiça e das espécies animais e vegetais próprias desta área.” Na tentativa de descobrir mais sobre estes percursos perdidos, numa rota agora obsoleta, verificou-se junto da Câmara que esta está “meio inativa”, mas, no entanto, guiam o turista ou para o Museu do Traje ou para a Eco-Cork Factory. Ou seja, existem resquícios do que outrora já foi um agente promotor de turismo no nosso concelho, resquícios esses apoiados em infraestruturas privadas, e no caso do Museu do Traje, constatando-se a sua orfandade por parte do Município.
Este retrato, acaba por ser também um retrato geral desta oligarquia socialista que governa o nosso concelho há décadas. Quando averiguamos a consistência do trabalho da Câmara em apoiar projetos que aparentam ser promissores para o desenvolvimento turístico do nosso concelho, constatamos que estes acabam por não receber a devida atenção e empenho, tornando-se passageiros. Esta rota que poderia ser um grande impulso turístico para a nossa terra, que poderia criar sinergias com os privados de forma a promover o comercio local e as suas gentes, que foi pensada para dinamizar as nossas zonas serranas e complementar outros projetos como são a recém inaugurada “Casa da Serra”, a “Casa da N2”, ou ainda, a “Casa do Artesão”, apresentam-se agora como prova da má gestão do nosso futuro, alicerçada em pilares enfraquecidos, num município sem estratégias a longo prazo, que apenas se foca na criação de “Casinhas” sem pensar a sua “Urbe”, um concelho sem rumo e (definitivamente) sem “Rota”…
Bruno Sousa Costa
(Vereador em Regime de Não Permanência, na Câmara Municipal de São Brás de Alportel)
5 de fevereiro de 2023, São Brás de Alportel.