Skip to main content

Pela primeira vez, cerca de 5 anos depois da primeira proposta do PSD para criação de uma estratégia para o uso eficiente da água, 4 anos de sermos avaliados de forma negativa pela ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos), estando entre os 10 concelhos com mais perdas reais de água nos ramais públicos, 3 anos depois da apresentação do Plano Detalhado de Eficiência Hídrica apresentado pelo Vereador Bruno Sousa Costa, 2 anos após ocuparmos a 3º posição no Ranking Nacional como concelho com mais perdas reais de água nos ramais públicos, verificam-se finalmente ,nas opções do grande plano do Orçamento Municipal do Município de São Brás de Alportel, verbas a favor do Plano de Eficiência Hídrica.

O executivo a tempo inteiro tem vindo a protelar o investimento necessário para otimizar a eficiência hídrica no nosso Município, não só ao nível da reabilitação da rede já existente, que como foi noticiado em 2019, mais se assemelha a um “balde roto” quando analisadas as fugas e as consequentes perdas de águas, mas também ao nível da sua expansão, uma vez que ainda existem muito lugares na serra sem acesso a água potável ou saneamento básico. Esta inércia, ou falta de preocupação, resultaram em anos de perdas que quando calculadas representam um crime, tendo em conta a conjuntura de seca que se tem vindo a viver na nossa região e no nosso país.

Sob outra perspectiva, existe também o lado económico, dado que estas perdas resultam também em perda monetária para o Município, pois essa água tem de ser paga à ERSAR, o que se traduz em menos fundos para ajudar quem precisa, enquanto se desperdiçam quantidades criminosas de água.

Segundo o Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, o último relatório da ERSAR não correspondia aos valores reais, uma vez que eles contabilizaram como perdas reais água utilizada por associações, bombeiros, manutenção de espaços públicos (regas), algo que deveria ser contabilizado como água não faturada. Este discurso, para além de falacioso, está errado, pois segundo a ERSAR, na água não fatura é avaliado «o nível de perdas económicas correspondentes à água que, apesar de ser captada, tratada, transportada, armazenada e distribuída, não chega a ser faturada aos utilizadores», já as perdas reais de água, onde a nossa avaliação foi insatisfatória, consiste em fugas e extravasamentos na rede pública.

Já em 2022, quando o PSD voltou a abordar a questão, em Assembleia Municipal, através de uma tomada de posição, à qual o Presidente do executivo apelidou de “arte circense”, enumerando posteriormente várias medidas que têm sido tomadas para combater o desperdício de água e argumentando novamente que os dados apresentados no relatório da ERSAR eram mal calculados, devido ás razões anteriormente apresentadas. Ivo Tomé, em resposta a esta intervenção salientou que o Sr. Presidente «(…) terá alguma culpa, porque ao referir que existem locais onde não há controlo de gastos, na sua opinião, esse problema já podia estar resolvido, uma vez que já é Presidente há cerca de 10 anos e refere que esta sempre foi uma preocupação, mas, curiosamente, apenas refere investimentos no ano de 2021 e 2022. São bem-vindos os investimentos para o futuro, embora tardios.»

A displicência com que foram atendidas todas as chamadas de atenção do PSD de S. Brás de Alportel pela parte do Executivo de maioria Socialista, faz crer que este problema só passou a ser prioritário após a oposição ter invocado a sua existência. Apesar de ser esse o trabalho da oposição, identificar problemas e providenciar soluções para os mesmos, é com insatisfação que vemos o modus operandi do executivo, já que este problema devia ter sido uma prioridade desde o primeiro alerta, no entanto foi acolhido como todos os outros projetos importantes: colocado em suspenso, na fila de espera dos fundos europeus ou do PRR.