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No passado dia 6 de janeiro, inaugurou-se uma obra no sítio dos Parises, denominada “Casa da Serra”, casa que acrescenta valor ao nosso património serrano, património este que, apesar do seu inequívoco valor cultural e natural, tende a ficar esquecido, verificando-se cada vez menos moradores.

Esta nova atração turística do nosso concelho, com um investimento aprovado pelo PADRE – Plano de Ação de Desenvolvimento de Recursos Endógenos – de 80.000€, sugere uma lufada de ar fresco para a população desta localidade. Com o objetivo de estimular o turismo neste território serrano e valorizar o nosso património natural, esta “Casa da Serra”, com pouco mais de 60m2 e concluída há mais de 3 anos, abre agora portas e propõe-se dar a conhecer as gentes serranas e as suas tradições milenares.

Sendo louvável este projeto, e de enorme valor para a conservação do nosso património cultural, acaba por, em modos práticos, estar incompleto. Aliado a muitas lacunas da nossa zona serrana, temos como bastante deficitária a acessibilidade, uma vez que quando partimos do centro da nossa vila, existe apenas um acesso pavimentado à serra, acesso esse que cada vez menos se assemelha com o seu adjetivo, pouco acessível para as populações do Javali, Parises e Cabeça do Velho.

A população serrana, já por várias vezes se queixou das faltas de condições do pavimento, continua sem ter uma solução para os seus problemas: uma estrada que já por si é perigosa, ainda mais se torna com toda a manutenção que lhe é devida, mas nunca concretizada. Se não damos respostas aos nossos munícipes, os poucos que ainda habitam as nossas aldeias serranas, será que as vamos dar aos supostos turistas aos quais desafiamos a percorrer essa mesma estrada, mas sem o conhecimento dos habitantes?

A resposta parece óbvia, e não tardarão a chegar promessas de que este assunto será resolvido, contudo, essas promessas que desde 2017 (pelo menos) aparecem nos programas eleitorais do executivo socialista, têm de ser concretizadas antes que as pretensões de mais movimento turístico para a nossa serra se realizem.

É de conhecimento geral, os fundos são escassos e temos um Município que se encontra de “mão estendida” sempre à espera desses apoios. Maior parte dos projetos de valorização do património são financiados pelo Estado ou pela União Europeia. É de valorizar a procura destes fundos, no entanto, muitos problemas acabam ignorados ano após ano, por falta de cabimentação camarária.

Temos de começar a dar respostas aos problemas das gentes que cá vivem, cumprir as promessas, que parecem levadas pelos ventos da serra, e contribuir para as reais necessidades das pessoas, só assim conseguiremos verdadeiramente atrair mais pessoas para a nossa serra.

Bruno Sousa Costa

(Vereador em Regime de Não Permanência, na Câmara Municipal de São Brás de Alportel)

10 de janeiro de 2022, São Brás de Alportel.